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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Hepatite C: a importância do acompanhamento psicológico

Aspectos Relevantes no Tratamento Medicamentoso da Hepatite C Relacionados a Transtornos Mentais


Autores: Geísa Marie Bernardino Felicíssimo e Júlia Petrocchi - Acadêmicas do 8° período de Medina da Faculdade de Medicina da UFMG


A hepatite C é uma das principais causas de doenças hepáticas crônicas no mundo e atinge principalmente uma população jovem, entre 30 e 40 anos de idade.

A medicação utilizada - interferon alfa (ou interferon alfa peguilado) e ribavirina - tem sido associada a sintomas psicológicos e transtornos mentais, que podem ter um impacto negativo sobre o curso da doença e levar à interrupção do tratamento. Depressão, ideação suicida e transtorno de estresse pós-traumático são alguns dos problemas relatados durante o uso das drogas recomendadas. Assim, psicólogos e psiquiatras têm sido solicitados a avaliar estes pacientes antes do início e durante o tratamento, para monitorar sintomas psicológicos e intervir quando necessário.



O estreito contato com o sistema de saúde, necessário para diagnóstico e tratamento do problema, os custos, as mudanças no estilo de vida, a preocupação com a evolução da doença e com o futuro, têm importante impacto sobre a vida destes pacientes. Além disso, os efeitos colaterais da medicação atualmente utilizada no tratamento da hepatite C pode reduzir de forma significativa a qualidade de vida.

A presença de sintomas psicológicos concomitantes ao tratamento, muitas vezes em número suficiente para a realização do diagnóstico de um transtorno mental, pode ter um impacto negativo sobre o curso da doença, prejudicando a adesão, exacerbando a percepção dos sintomas, reduzindo ainda mais a qualidade de vida e, em alguns casos, levando ao suicídio.

A preocupação com a possibilidade de transtornos mentais e a redução na qualidade de vida associada ao tratamento da hepatite C têm levado profissionais da área médica e equipes interdisciplinares a solicitarem, rotineiramente, uma avaliação psicológica anterior ao tratamento. Entretanto, os conhecimentos atualmente disponíveis nesta área ainda são limitados, tornando necessário realizar pesquisas que possam auxiliar na compreensão e manejo adequados do problema por parte dos psicólogos que atuam na saúde.


TRATAMENTO HEPATITE C


Atualmente, o interferon alfa (IFN alfa) é considerado, isoladamente ou em associação com a ribavirina, a estratégia terapêutica recomendada para a maioria dos pacientes portadores de hepatite C. O tratamento com interferon alfa e ribavirina pode erradicar o vírus em 40% dos pacientes e a combinação do interferon peguilado com ribavirina em 54 a 56% dos pacientes.



Sintomas psicológicos no tratamento com o interferon alfa

Como falado acima, diversos estudos têm indicado que o IFN produz efeitos colaterais graves, embora reversíveis, como depressão, ideação suicida, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático e transtorno bipolar.

É interessante notar, entretanto, que nem todos os pacientes tratados com IFN apresentam sintomas psicológicos ou um diagnóstico de transtorno mental associado ao uso da medicação. Pacientes com história de transtorno psiquiátrico, como abuso de substância, parecem ter um risco aumentado para depressão durante o tratamento com IFN, tornando possível pensar que um transtorno mental anterior pode aumentar a vulnerabilidade para depressão com a utilização da medicação. Por outro lado, é possível pensar também que características individuais ou estratégias específicas de enfrentamento podem proteger o paciente.

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PODEM FAZER A DIFERENÇA


Um estudo realizado para identificar sintomas de depressão e estratégias de enfrentamento, realizado com 30 pacientes com diagnóstico de hepatite C, indicou que aqueles que utilizavam principalmente estratégias como resolução de problemas, reavaliação positiva da situação e busca de suporte social auxiliavam o paciente a enfrentar eventos negativos com menor grau de sofrimento e maior eficiência no tratamento e cura. O contrário se observou naqueles em que a fuga, ou afastamento ou a acomodação/aceitação foi a estratégia de enfrentamento da doença.



Tais considerações nos mostram a importância da abordagem interdisciplinar, com ênfase na psicológica e psiquiátrica para o sucesso no tratamento e para a cura. O paciente deve confiar no tratamento e na equipe, além de aderir a estratégias de enfrentamento comprovadamente eficazes para a cura, baseadas na resolução de problemas, na aceitação do suporte social como a participação ativa em grupos operativos e procurar ter uma reavaliação positiva da situação. Para isso, o paciente deve estar devidamente bem informado sobre sua doença e sobre as boas perspectivas de cura.

O que é a classificação de Child-Pugh?

Proposto por C. G. Child e J. G. Turcotte da Universidade de Michigan em 1964, esse sistema se propunha inicialmente a classificar pacientes candidatos à cirurgia de descompressão portal. Em 1972, foi modificado por Pugh, que eliminou o critério subjetivo de avaliação nutricional, substituindo-o por um mais objetivo, o RNI. Hoje a classificação de Child-Pugh tem se mostrado um bom fator preditivo da gravidade da cirrose hepática - uma séria consequência das hepatites virais - e da indicação de transplante hepático.

            Esse escore se baseia em cinco critérios que indicariam alteração de função hepática. São eles: bilirrubina sérica, albumina sérica, ascite, distúrbio neurológico e tempo de protrombina. São atribuídos pontos de acordo com os níveis desses indicadores (tabela 1).



A escala varia de 5 a 15 pontos, sendo os indivíduos designados como Child A os que obtiveram escore 5 ou 6, que seriam portadores de uma cirrose dita “compensada”; Child B, aqueles que alcançaram de 7 a 9 pontos; e Child C, os que tiveram escore de 10 a 15 pontos, sendo os pacientes mais graves, portadores de uma “cirrose descompensada”. Hepatopatas classificados como Child B ou C são considerados candidatos a transplante de fígado.

Dessa forma, é possível identificar os indivíduos mais graves, que teriam maior probabilidade de vir a óbito em decorrência de doença hepática, e aqueles mais estáveis. Pode parecer que um grupo de pacientes está sendo privilegiado, mas num universo restrito de doadores, essa é a maneira mais justa encontrada para garantir que aqueles que mais necessitam do transplante sejam contemplados, como confirma a Sociedade Brasileira de Hepatologia:

“A Sociedade Brasileira de Hepatologia considera que, pelo princípio democrático, todo direito deve ser universal e igualmente distribuído. Direito não universal torna-se privilégio. Por outro lado, tratar de maneira idêntica indivíduos incapacitados passa a ser injustiça e conceder-lhes um benefício pode ser a maneira de restaurar-lhes o direito.”

Referências: 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. MANUAL DE PERÍCIA MÉDICA. Brasília: Editora MS, 2005.

Como ter uma vida saudável?

Autores: Beatriz Moura Batista e Denise Mendonça Borges - Alunas da Faculdade de Medicina da UFMG
 
     Você sabe o que fazer para ter uma vida saudável? Provavelmente, você leitor logo pensou em uma alimentação balanceada rica em frutas, legumes, verduras. Uma vida saudável, no entanto envolve outras áreas além da alimentação: engloba atividade física, equilíbrio emocional, bons relacionamentos, lazer, higiene, prazer de viver. No entanto, objetivos tão amplos tendem a ser deixados de lado com o tempo. Nesse texto você encontrará algumas sugestões voltadas para uma vida saudável no portador de hepatite.

     Após o diagnóstico é essencial a orientação para o não-consumo de bebidas alcoólicas, prevenção da co-infecção com HIV, controle de distúrbios metabólicos, como hiperlipidemia, obesidade e diabetes. Além de buscar um acompanhamento médico, é importante que se converse sobre medos, angústias e perspectivas. Tão importanate quanto cuidar "do fígado" é cuidar e zelar pela saúde mental. Esses momentos merecem receber atenção especial, pois afetam não só o emocional e psicológico como também seu sistema imunológico.

    Uma alimentação saudável é também muito importante por fornecer nutrientes e energia para as atividades diárias, por contribuir para tornar a pessoa mais disposta e por fortalecer o sistema de defesa. Além disso, uma alimentação equilibrada previne a obesidade e é importante para evitar outros problemas associados, como doenças cardíacas e diabetes.  A prática regular de exercícios físicos é também indicada a todas as pessoas, por estimular o sistema imunológico, aumentar a disposição, a autoestima, aliviar o estresse, melhorar a depressão, entre outros benefícios para a saúde em geral.

      Apesar de todas as medidas para se melhorar a qualidade de vida de portadores de hepatite, sabe-se, entretanto, que a melhor alternativa é a prevenção que deve ser feita mesmo em pacientes já portadores para evitar a co-infeccao. No caso da hepatite A e da E (transmitidas pelo contato pessoa-pessoa e ingestão de água e alimentos contaminados), é muito importante melhorar as condições de higiene e de saneamento básico. No caso das hepatites B, C e D (transmitidas por relações sexuais sem proteção, por compartilhamento de materiais perfurocortantes contaminados, transfusão de sangue contaminado e da mãe para o filho, durante a gestação), é importante o uso de preservativo durante todas as relações sexuais, não compartilhar matérias perfurocortantes, fazer o acompanhamento pré-natal (no caso das grávidas) e tomar as três doses da vacina (no caso da hepatite B).

ONGS e saúde: essa parceria funciona!

Autores: Mastroiani Rodrigues Costa  Araújo (aluno da Faculdade de Medicina da UFMG) Natália Lelis Torres (Aluna de Educação Física pela UFMG)

      ONGs é a sigla para Organizações não Governamentais, que são instituições criadas sem ajuda ou vínculos com o governo, geralmente de fundo social e sem fins lucrativos. O surgimento dessas organizações deu-se pelo motivo da ineficiência dos Governos e do poder público em geral, para suprirem todas as necessidades da sociedade. Elas obtêm recursos através de financiamento dos governos, empresas privadas, venda de produtos e de doações da população em geral, além disso grande parte da mão de obra que atua nas ONGS é formada por voluntários.



      Estas organizações são caracterizadas por ações de solidariedade nas políticas públicas e atuam em diversas áreas como: meio ambiente, combate à pobreza, assistência social, educação, desenvolvimento sustentável e saúde. Esta última área receberá mais destaque neste texto.

      As ONGs no campo da saúde expressam uma nova construção social, que tem implicações nas políticas sociais e no fazer profissional. Elas sempre estiveram integradas aos movimentos de lutas sociais (como dos hansenianos, dos portadores de HIV-Aids e dos portadores de transtorno mental), sendo que historicamente se constituíram um dispositivo de novas práticas no campo da saúde estendendo inicialmente cuidados a grupos excluídos do atendimento do Estado ou de órgãos públicos. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), esta atuação estendeu o direito à saúde a todo cidadão.



Existem três diferentes perfis de ONGs no campo da saúde:

1 - Centrado na situação de saúde: neste segmento estão demandas de pessoa com doenças “raras”, na maioria das vezes crônicas, com alto custo para aquisição de medicamentos. Uma das principais características é a luta social pelo acesso a medicamentos, além do enfrentamento do estigma e da discriminação pela sociedade. Exemplos desse perfil são organizações de familiares e portadores de diferentes doenças, como: HIV-Aids, transtorno mental, fibrose cística, hepatites, etc.

2 - Centrado na dinâmica hospitalar: neste, o foco das demandas será o suporte social dos usuários vinculados às instituições hospitalares. Caracteriza-se pela existência de uma parceira entre a ONG e o hospital na complementaridade das “lacunas” da política de saúde e da articulação com outras políticas sociais. A atenção é voltada para a pobreza na interface com a saúde, cuja ênfase é a materialidade no acesso a equipamentos, alimentação e medicamentos, para a manutenção do tratamento da saúde (que deveriam estar sendo fornecidos enquanto direito social).

3 - Centrado na prestação de serviços: neste grupo, a centralidade é na prestação de serviços na área da saúde (médica e odontológica) para pessoas oriundas de comunidade de baixa renda. A principal característica é que o trabalho é composto por profissionais voluntários, calcados em propostas de prevenção e promoção da saúde para população de baixa renda.

      Qualquer que seja o perfil das ONGs, sua importância é indiscutível não só no apoio ao paciente, mas como à sua família, à comunidade e aos serviços de saúde. Fica claro que o papel dessas organizações é aumentar o acesso de todos ao direito de saúde, seja por meio de políticas sociais de conscientização ou por atuação ativa na comunidade.

     Atualmente no país existem mais de 290,7 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos destas, 54,1 mil atuam nas áreas de saúde, educação, pesquisa e assistência social. No país existe uma Associação Brasileira de Organizações não Governamentais - ABONG, que articula movimentos sociais no Brasil como forma de fortalecimento dos sujeitos e das lutas em prol dos direitos humanos.





Referências:

RAMOS, S. O papel das ONGs na construção de políticas de saúde: a Aids, a saúde da mulher e a saúde mental, Ciência & Saúde Coletiva, 9(4):1067-1078, 2008.

MACHADO, S. G. O Serviço Social nas ONGs no campo da saúde: projetos societários em disputa, Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 102, p. 269-288, abr./jun. 2010.

Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais [Internet], [acesso em 13 Out 2013]. Disponível em: http://abong.org.br/ 

O cuidado com a automedicação do paciente com hepatite

         Os remédios, sejam eles ingeridos, por via intramuscular ou intravenosa passam por metabolismo hepático, processo chamado de biotransformação. Essa biotransformação também ocorre nos rins e em outros tecidos, mas a maior porcentagem dela ocorre no fígado. O objetivo desse metabolismo é transformar o fármaco em uma substancia que possa ser excretada pelos rins. Alguns distúrbios hepáticos influenciam nessa biotransformação, por isso a importância de acompanhar e abordar todas as medicações que são utilizadas. Com a alteração da biotransformação, pode-se aumentar a disponibilidade do fármaco no organismo de forma que uma dose que seria terapêutica torna-se prejudicial para essas pessoas
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        É importante lembrar que acometimentos hepáticos também podem influenciar na produção de albumina - uma proteína importante no "transporte" do fármaco.  Enquanto o medicamento está ligado a essa proteína, ele não está "ativo", por isso quando se diminui a quantidade de albumina aumenta a quantidade de "fármaco ativo" circulante. Como consequência da hipoalbuminemia (baixa quantidade de albumina no sangue), da mesma  forma que acontece com a biotransformação, uma dose que seria terapêutica torna-se prejudicial.

        Além dos fatores já citados, o paciente que possui problemas hepáticos pode sofrer de uma alteração na circulação no fígado e isso pode alterar o metabolismo de primeira passagem (que é o metabolismo responsável por diminuir a quantidade da droga ativa que chegará a circulação sistêmica que é a circulação que leva o medicamento para os outros tecidos). Tal alteração também se relaciona com a necessidade de ajuste de dose nesses pacientes.

        Os fatores acima foram abordados com o intuito de mostrar ao leitor a importância, em especial a esses pacientes, de abolir a automedicação. A avaliação de um ajuste de doses e de interação medicamentosa é fundamental  para evitar efeitos indesejados. É importante que se entenda que medicamento não é só aquele "industrializado", mas também o chás caseiros, os medicamentos naturais. Convidamos os leitores a conversar sobre isso no próximo encontro com seu médico! Não se esqueça de falar para ele todos os medicamentos que você faz uso, inclusive os chás e ervas!

Fitoterapia: riscos e danos hepáticos

Autor: Mastroiani Rodrigues Costa Araújo - Aluno da Faculdade de Medicina da UFMG

Muitas substâncias, como agrotóxicos, pesticidas, álcool e medicamentos de uso rotineiro, produzem lesões hepáticas. Algumas plantas também são responsáveis por danos hepáticos e muitas delas são usadas regularmente para fitoterapia e preparo de chás naturais.
Vários dos chamados fitoterápicos são utilizados por automedicação ou por prescrição médica e a maior parte não tem o seu perfil tóxico bem conhecido. O risco aumenta com a utilização de compostos contendo várias plantas, com a seleção inadequada da porção atóxica da mesma e pela contaminação química ou por micro-organismos em virtude do armazenamento inadequado. Outros fatores que contribui para maior risco são a não informação do paciente sobre o uso de plantas na consulta e o não reconhecimento pelos médicos dos eventos adversos associados com o uso de fitoterápicos.
O diagnóstico das hepatopatias provocadas por ervas é preponderantemente clínico e de difícil comprovação em virtude da ausência de manifestações clínicas e bioquímicas específicas, sendo necessária a exclusão de outras patologias hepáticas. A suspensão imediata do agente responsável é ainda a melhor opção terapêutica, devendo evitar-se a sua reintrodução ou mesmo a administração de substâncias com estruturas químicas semelhantes em virtude do risco de desencadear doença hepática grave, às vezes com evolução fatal.




A doença hepática induzida por produtos naturais varia desde assintomáticas com alterações das enzimas hepáticas até hepatites agudas ou crônicas, síndrome de obstrução sinusoidal e mesmo cirrose hepática e hepatite fulminante. Além disto, muitos produtos naturais podem interagir com medicamentos tradicionais, interferindo no seu metabolismo e modificando sua ação terapêutica ou exacerbando seus efeitos hepatotóxicos.




Algumas plantas comumente usadas causadoras de hepatotoxicidade são:

- Alcaloides da Pirrolizidína – As principais espécies implicadas são Heliotropiun, Senecio,  Crotalaria e Confrei.Tem potencial hepatotóxico bem conhecido, principalmente por produzir síndrome de obstrução sinusoidal. Em altas doses induzem doença hepática aguda com dor abdominal, hepatomegalia e ascite, icterícia também pode estar presente. Pode haver hepatite fulminante e em exposição prolongada desencadeia hepatites crônicas e cirrose. A mortalidade é alta, atingindo a 20 a 40% das pessoas expostas.

- Porangaba - (Cordia salicifolia) – Conhecida também como cafezinho, chá de mato, chá de bugre, chá de frade tem como constituinte a alantoína. É responsável por lesões tipo hepatocelular, com elevações discretas das aminotransferases.

- Chá Verde – (Camellia sinensis) – É uma das bebidas naturais mais consumidas no mundo, sendo utilizada como planta medicinal para várias situações. Alguns poucos casos de hepatite do tipo misto têm sido descritos com seu uso principalmente em mulheres. A lesão hepática do tipo hepatocelular, de evolução benigna, mas hepatite fulminante já foi descrita. Sua hepatotoxicidade praticamente inexiste, quando o chá é preparado na forma tradicional, utilizando-se água fervente ao contrário dos produtos industrializados que fornecem o chá nas preparações em cápsulas ou provocam seu preparo com  derivados hidroalcoólicos.

- Germander – Conhecida como erva cavalinha, é usada comumente para tratamento de dores abdominais, obesidade e como antipirética. Gera manifestações clínicas de hepatite, entre 3-18 semanas após início do seu uso, geralmente quando utilizada em doses superiores a 600mg/ dia. Utilização prolongada induz hepatite crônica e cirrose hepática. A desnutrição e a indução enzimática entre outros fatores favorecem a hepatotoxicidade.
 - Ervas Chinesas – As principais em uso no Brasil são:
•Jin Bu Huan – Usada como analgésica e sedativa, pode produzir hepatite aguda e recentemente foi descrito também o desenvolvimento de hepatite crônica pelo seu uso.
• Syo-Saiko-To – Usada como antipirética, tornou-se popular, ao ser utilizado em alguns países como tratamento alternativo da hepatite C, havendo relatos da diminuição da incidência do carcinoma hepatocelular com seu uso. No entanto pode haver agravamento da hepatite C. Hepatite aguda e crônica, fibrose hepática, esteatose e colestase têm sido relatadas com seu uso.
• Ma-huang – É relacionada com casos de hepatite aguda grave com manifestação colestática.

- Sacaca – (Croton cajucara benth) – Comum na Amazônia é usada popularmente para tratamento da obesidade e hipercolesterolemia, pode causar hepatite aguda, crônica e até mesmo fulminante.

- Kava-Kava – (Piper methysticum) – Vários relatos de hepatite aguda têm sido apresentados, alguns com evolução grave, evoluindo para transplante hepático e mesmo para morte.

- Sena (Cássia angustifólia) – Utilizada como laxante, foi responsabilizada por hepatite aguda em pessoas que usavam doses elevadas.

- Isabgol - (Plantago ovata) – Usado na constituição de muitos laxantes, tem sido relacionado como causador de hepatite aguda, com presença de fibrose e células gigantes na histologia hepática.

- Valeriana - (Valeriana offi cinallis) – Alguns casos de hepatite aguda têm sido relatadas com seu uso, inclusive com hepatite fulminante.

- Poejo - (Mentha pulegium) – Seu constituinte tóxico é a pulegona, pode produzir hepatite aguda e mesmo hepatite fulminante.

- Quelidônia-maior - (Chelidonium majus) – Muitos são os relatos de hepatotoxicidade com seu uso, principalmente hepatites colestáticas associadas a baixos títulos de autoanticorpos, sugerindo mecanismo de autoimunidade, manifestado após períodos variados da sua ingestão.

- Cáscara Sagrada - (Rhamnus purshiana) – É utilizada principalmente como erva laxativa. Tem sido implicada como causadora de hepatite colestática, mas também por lesão hepática mais importante, como hepatopatia crônica.

- Chaparral - (Larrea tridentata) – Tem sido usada para tratamento de resfriados comuns e ultimamente até para doenças mais sérias, como portadores do vírus HIV. Induz doença hepática aguda colestática. Também foi descrita evolução para cirrose hepática e hepatite fulminante com necessidade de transplante do fígado.

Dessa forma, é possível notar que um significante número de plantas e chás, ditos medicinais, e usados de maneira rotineira, como medicações alternativas, têm sido implicados como causadores de lesões hepáticas variadas. Deste modo, a investigação sistemática do uso de chás caseiros deve ser realizada na pesquisa diagnóstica de doenças hepáticas de difícil esclarecimento. A farmacovigilância dos  fitoterápicos deve ser realizada para identificar os efeitos indesejáveis desconhecidos, quantificar os riscos e identificar os fatores de riscos e mecanismos, padronizar termos, divulgar experiências, entre outros, permitindo seu uso seguro e eficaz.




REFERÊNCIAS:

SILVEIRA, P. F; BANDEIRA, M.A;DOURADO, P.S. Farmacovigilância e reações adversas às plantas medicinais e fitoterápicos: uma realidade. Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 18: 618-626, Out./Dez. 2008.

SOUZA, A.F.M. Hepatotoxicidade por Chás. Rev Suplemento Hepatotoxicidade - Fev2011 - Normal. indd 22.

Portal da saúde. Programa nacional plantas medicinais e fitoterápicos. Acesso em 2013. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/plantas_medicinais.pdf

domingo, 19 de janeiro de 2014

Câncer de Fígado e Hepatite C: há alguma relação?

A hepatite C é causada por um vírus transmitido principalmente pelo sangue contaminado, mas a infecção também pode passar através das vias sexual e vertical (da mãe para filho). O portador do vírus da hepatite VHC pode desenvolver uma forma crônica da doença que leva a lesões no fígado (cirrose) e câncer hepático.
No Brasil, há cerca de 3 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C. Não há vacina contra a doença

Pesquisadores descobriram uma variante genética ligada à ocorrência de câncer de fígado em portadores do vírus da hepatite C. De acordo com o estudo, feito pelos médicos do Riken Center for Genomic Medicine, do Hiroshima University Hospital e do Sapporo-Kosei General Hospital, no Japão, essa variante pode aumentar em 70% a incidência de câncer de fígado em portadores da hepatite C crônica.



O tipo mais comum de câncer de fígado é o carcinoma hepatocelular (HCC).  Este é a terceira principal causa de morte relacionada a tumores e a sétima forma mais comum de câncer de mama. O Vírus da hepatite C (HVC) é o principal fator de risco para HCC principalmente em países ocidentais e no Japão, onde mais de 30 mil mortes ocorrem a cada ano por carcinoma hepatocelular.
Para identificar a ligação entre o HVC E HCC, os pesquisadores realizaram um exame completo em um grupo de 3.312 japoneses acometidos pelo vírus da Hepatite C. Eles foram divididos em dois grupos: no primeiro estavam os portadores de HVC com HCC. No segundo grupo ficaram os portadores de HCV sem HCC. De fato, o grupo descobriu um SNP associado ao risco de HCC, localizado em um gene chamado DEPDC5. A associação foi confirmada em um estudo de replicação independente feito em uma população de 2.335 portadores de HVC, 710 dos quais com HCC e 1625 sem HCC.
Os pesquisadores ainda fizeram outra descoberta, quando dividiram os resultados por sexo, idade e contagem de plaquetas. Segundo eles, em japoneses com infecção HVC crônica, os SNPs DEPDC5 praticamente dobram as chances de desenvolver HCC.
Entretanto, a descoberta dos SNPs DEPDC5 é muito valiosa para as pretensões de pesquisadores de todo o mundo, pois promete progressos na batalha em curso para superar um dos cânceres mais mortais do mundo.

Referências Bibliográficas:

Álcool e fígado: essa combinação funciona?

Autor: Amanda Araújo Lana - Escola de Enfermagem da UFMG

     A mortalidade em adultos no Brasil, o álcool é o fator principal de risco para a carga de doença, contabilizando 11,4% de anos de vida perdidos por incapacitação sendo as maiores porcentagens para homens (17,3%) do que para mulheres (4,1%).

     A quantidade máxima de álcool recomendada é de 40g de álcool puro/dia para homens e de 20g/dia para mulheres, sendo 80g/dia a quantidade máxima estabelecida.

     A OMS estabelece que para evitar problemas com o álcool, o consumo aceitável é de até 15 doses/semana para homens e 10 para mulheres, sendo que 1 dose equivale a aproximadamente 350 mL de cerveja, 150 mL de vinho ou 40 mL de uma bebida destilada, considerando que cada dose contém entre 10 e 15 g de etanol.


As principais consequências para o fígado decorrente do álcool


Doenças decorrentes do consumo de álcool incluem Esteatose hepática que é depósito anormal de gordura no fígado e quanto mais prolongado e maior acumulo de gordura, maior o risco de lesão. Pode evoluir para hepatite gordurosa hepática e se não tratado progride para Cirrose.

O alcoolismo o principal fator etiológico para o surgimento da cirrose hepática, sendo associada ao consumo de cinco doses de álcool/dia por um período de cinco anos. É uma doença crônica em que ocorre a substituição do tecido hepático normal por fibrose difusa, rompendo com as estruturas e função do fígado.

Hepatite


O consumo crônico de bebidas alcoólicas pode modificar a história natural da hepatite crônica por este vírus, pois acelera a fibrose, aumentando o risco de cirrose e carcinoma hepatocelular.



Álcool e carcinoma hepatocelular (CHC)


A associação da doença mais frequente é com a cirrose, que é lesão precursora mais comum de CHC.



SINAIS E SINTOMAS RELACIONADOS AO USO AGUDO E CRÔNICO DE ÁLCOOL

·         Rubor e edema moderado da face;
·         Edemas (inchaço) das pálpebras;
·         Olhos lacrimejantes;
·         Hálito alcoólico;
·         Falta de coordenação motora;
·         Vertigens e desequilíbrio;
·         Suores;
·         Tremor fino nas extremidades




Referências:

Mincis Moysés ; Mincis Ricardo Doença hepática alcoólica acesso em 15/10/2013


Heckmann Wolfgang; Silveira Camila Magalhães
Dependência do álcool: aspectos clínicos e diagnósticos acesso em 15/10/2013

BASSOTTO, Maria Julia Stoever; SCREMIN, Luana Thomazette Cechin; BITTENCURT, Mariana Oriques; BARCELOS, Louise Muniz; RANGEL, Rosiane Filipin; ZAMBERLAN, Claudia; COSTENARO, Regina Gema Santini. ALCOOLISMO: CONSEQUENCIAS FISIOPATOLÓGICAS NA CIRROSE HEPÁTICA acesso em 15/10/2013


Associação Brasileira dos portadores de hepatite acesso em 15/10/2013