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domingo, 10 de novembro de 2013

Hepatite A

Autores: Bárbara Theobaldo e Pedro Drummond Lima, acadêmicos do 2º período de Medicina pela FM-UMFG.

Transmissão e epidemiologia
A hepatite A é uma doença infecciosa causada por vírus de RNA e de distribuição universal, frequente em áreas com más condições sanitárias de higiene. Em países subdesenvolvidos acomete mais crianças e adultos jovens ao passo que em países desenvolvidos acomete mais adultos. De curso geralmente benigno, apresenta-se apenas na forma aguda e raramente tem curso fulminante. 
Sua forma de transmissão é por meio da contaminação direta de pessoa para pessoa por via oro-fecal ou pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados pelo vírus, sendo altamente contagiosa. A mortalidade e a letalidade dessa doença são baixas, sendo que a última aumenta com a idade. Há maior prevalência em crianças menores de 10 anos.
O vírus da hepatite A pode sobreviver por até 4 horas na pele das mãos e dos dedos. Ele também é extremamente resistente à degradação provocada por mudanças ambientais, o que favorece sua disseminação, e chega a resistir durante anos a temperaturas de até 20ºC negativos. Seu período de incubação nas células do fígado humano é de 2 a 6 semanas e apenas 10% dos infectados são sintomáticos.
Além de levar em conta os sintomas, o diagnóstico da hepatite A é feito por meio da detecção de anticorpos contra o vírus VHA no sangue ou pela presença de seus fragmentos nas fezes.

Sintomas
A hepatite A pode ser sintomática ou assintomática. Durante o período de incubação, que leva em média de duas a seis semanas, os sintomas não se manifestam, mas a pessoa infectada já é capaz de transmitir o vírus. Apenas uma minoria apresenta os sintomas clássicos da infecção: febre, dores musculares, cansaço, mal-estar, inapetência, náuseas e vômito. Icterícia, fezes amarelo-esbranquiçadas e urina com cor semelhante à da coca-cola são outros sinais possíveis da enfermidade.
No entanto, muitas vezes, os sintomas são tão vagos que podem ser confundidos com os de uma virose qualquer. O paciente continua levando vida normal e nem percebe que teve hepatite A.

Vacinas
Há duas vacinas contra a hepatite A. Uma deve ser aplicada em duas doses com intervalo de seis meses; a outra, em três doses distribuídas também nesses seis meses. A vacina contra a hepatite A não faz parte do Programa Oficial de Vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde, mas deve ser administrada a partir do primeiro ano de vida, porque sua eficácia é menor abaixo dessa faixa etária. Pessoas que pertencem ao grupo de risco ou que residem na mesma casa que o paciente infectado também devem ser vacinadas.

Tratamento
Não existe tratamento especifico contra a hepatite A, nem embasamento terapêutico para recomendar repouso absoluto. Na vigência dos sintomas, porém, o próprio paciente se impõe repouso relativo. Pessoas que vivem no mesmo domicílio que o paciente infectado ou que estão em más condições de saúde podem receber imunoglobulina policlonal para protegê-las contra a infecção. É absolutamente fundamental que o consumo de álcool seja abolido até pelo menos três meses depois que as enzimas hepáticas voltaram ao normal.


Independente das recomendações aqui propostas, o paciente deve sempre procurar o médico e seguir o que lhe for indicado, pois este é o profissional mais adequado para decidir o tratamento do indivíduo.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O que é o Fígado? Qual a sua função?


Autores: Geísa Felicíssimo e Júlia Petrocchi.
Acadêmicas do 8º período de Medicina na UFMG, integrantes da Liga Acadêmica de Hepatites (LAHEP) na respectiva faculdade.

O trato digestório é um tubo que se estende da boca até o ânus.

Paralelo a esse tubo existem glândulas anexas que são auxiliares ao processo de digestão. Essas glândulas são as glândulas salivares (submandibulares, sublinguais, parótidas), o fígado e o pâncreas.


O fígado é a maior glândula anexa que existe no corpo. É um órgão anexo do sistema digestório, responsável pela produção da bile (substância que emulsiona gorduras). É considerado a maior glândula mista do corpo humano (possuidor de uma porção endócrina e outra exócrina) e libera secreções em sistemas de canais para superfície externa e também para o sangue e vasos linfáticos.


Localiza-se na parte superior direita do abdome, logo abaixo do diafragma, região denominada de hipocôndrio direito.  Tem formato de prisma, com coloração vermelho-escuro tendendo ao marrom arroxeado.

Grande parte do sangue do trato digestório, rico em nutrientes, chega ao fígado para ser filtrado, metabolizado e, em seguida, distribuído para o restante do organismo.

Como se pode imaginar, órgão tão importante desempenha dezenas de funções fundamentais para o funcionamento do organismo, como metabolismo e síntese de diversas substâncias, armazenagem de outras e filtração e armazenamento do próprio sangue.

O fígado é responsável principalmente pelo metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. No que se refere ao metabolismo de carboidratos, controlado por fatores extra-hepáticos, o fígado ajuda a manter constante a concentração de glicose plasmática, mediante armazenagem de grande quantidade de glicogênio e através da gliconeogênese, que é a formação de glicose a partir de aminoácidos e glicerol. Ainda nos hepatócitos, galactose e frutose são convertidas em glicose.


Em relação ao metabolismo de lipídios, o fígado produz grandes quantidades de colesterol e fosfolípides, integrantes de diversas estruturas celulares, além de sintetizar lipoproteínas, que transportarão os lipídios no sangue para diferentes órgãos. 80% do colesterol produzido no fígado é destinado à formação de sais biliares que serão secretados na bile. O fígado atua, ainda, na oxidação de ácidos graxos e na síntese de lipídios a partir de carboidratos e proteínas.


Falando em proteínas, toda sua produção é, essencialmente, realizada no fígado, com exceção das gamaglobulinas sintetizadas pelos plasmócitos. Nos hepatócitos, através de diversas reações bioquímicas, acontece a interconversão de aminoácidos e síntese dos chamados aminoácidos não-essenciais. Importante, também, é a desaminação dos aminoácidos, que poderão ser usados na síntese de carboidratos e de lipídios ou como fonte de energia. A amônia, resultante da desaminação e do metabolismo de outras substâncias no organismo, ao chegarem no fígado são convertidas em ureia, evitando a intoxicação do organismo.
No fígado é, também, sintetizada a bile, uma secreção rica em ácidos biliares, colesterol, íons sódio e bicarbonato, que ajuda a transformar grandes partículas de gordura em partículas muito menores e absorvíveis.

Ainda relacionado à função de síntese, diversas substâncias que atuam no processo de coagulação são produzidas no fígado. A saber: fibrinogênio, protrombina, fatores V e VII, dentre outros. O fígado sintetiza, também, hormônios como a triiodotironina (T3 ), IGF-I, angiotensinogênio, além de ser responsável pela hidroxilação inicial da vitamina D e por modificar quimicamente hormônios esteroides, como o cortisol e o estrógeno.

É responsável, também, pela conjugação da bilirrubina e armazenagem, na forma de ferritina, do ferro em excesso organismo. Armazena, também, cobre e vitaminas, como a A, D, E, K, B9 e B12.

Uma outra função hepática é filtrar diversas drogas e excretá-las na bile. São exemplos a penicilina, ampicilina, eritromicina e sulfoniuréias. Do mesmo modo, altera quimicamente diversas drogas, transformando-as em metabolitos ativos ou inativos.

O fígado faz parte do sistema reticuloendotelial, atuando na defesa do organismo e ajudando a remover imunocomplexos.

Se o fígado não foi capaz de exercer alguma dessas funções ou exercê-las de maneira inadequada, ocorrem patologias de repercussão sistêmica. As principais enfermidades que acometem o fígado são denominadas doenças hepáticas. São elas: as hepatites, as fibroses hepáticas, as doenças provocadas por alcoolismo (cirrose), as doenças tóxicas hepáticas, as insuficiências hepáticas, o câncer de fígado, dentre outras doenças.


Referências: 

- MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Clínica/Keith L. Moore et al . RJ. Guanabara                      Koogan,2007.
           - GUYTON AC, HALL JE. Tratado de Fisiologa Médica. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 861-63.
            - http://medicina-anatomiahumana.blogspot.com.br/2008/12/fgado.html (acesso em 14/10/2013).