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terça-feira, 24 de junho de 2014

Telaprevir e Boceprevir, qual a vantagem em relação ao antigo tratamento?

Autores: Carlos Eduardo Melo e Anderson Santos da Rocha

Um dos maiores desafios para a saúde nos dias atuais é a hepatite C crônica, por, infelizmente, representar uma doença na qual a terapia não é eficaz, de alto custo e apresenta toxicidade considerável. Estima-se que 3milhões de brasileiros estejam contaminados pelo HCV, sendo relevante o número de pessoas que desconhece o fato de albergar o vírus.
O desenvolvimento de tratamentos mais efetivos e custo-efetivo comprova a importância para pacientes reincidentes à infecção. Quando possível o tratamento – em casos avançados de hepatite C o tratamento é ineficaz – melhora o fígado do individuo, diminuindo a lesão inflamatória e a necessidade de um transplante, ou o risco de uma cirrose mais avançada.



Em 2013 o tratamento consistia na administração do Interferon Peguilato e da Ribavirina,  até dois novos medicamentos contra hepatite C serem incluídos no Sistema Único de Saúde (SUS). Eles são o Telaprevir (Incivo®) e o Boceprevir (Victrelis®), que têm uma taxa de eficácia de 80% − o dobro do sucesso obtido com a estratégia antes utilizada. Ambos os medicamentos devem ser administradas em esquema triplo, em associação com os medicamentos já existentes.
No Brasil, 89% dos casos são causados pelo vírus de genótipo 1, que é justamente o vírus que tem a menor resposta aos tratamentos disponíveis até agora. Dessa forma, os pacientes infectados pelos vírus de genótipo diferentes (genótipos 2 a 5) não poderão ser beneficiados por essa nova medicação. Os dois novos remédios que o SUS disponibiliza aumentam a eficácia do tratamento em mais de 90%, além de diminuir o tempo de duração do tratamento. É importante frisar que eles não substituem os antigos remédios, mas precisam ser usados conjuntamente.
Esses dois medicamentos são inibidores de proteases e apresentam muitos efeitos colaterais. O Bocevir (Victrelis®) é um remédio de administração oral, as reações adversas incluem fadiga, anemia, náuseas e diminuição do paladar. O Telaprevir tem como reações adversas a anemia, exantema (reações cutâneas), náuseas, prurido e diarreias. Apesar dos fortes efeitos colaterais essas drogas oferecerão aos pacientes muito mais oportunidades de cura.

Dessa  forma, a inclusão desses medicamentos surge como uma nova opção de tratamento de pacientes com Hepatite C com fibrose e cirrose avançadas, proporcionando maior eficácia e, assim, diminuindo o risco de falha terapêutica. Mas os avanços  no tratamento não param por aí, novos medicamentos com promissores benefícios aos pacientes dos 5 genótipos virais estão em fase de final de estudo, o que encaminha o tratamento a ótimas expectativas de resultados. 


MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS DAS HEPATITES VIRAIS

Autores: Brenda Breda Passon e Camila Martins Lopes - Acadêmicos de Medicina pela FM-UFMG

Como já é de conhecimento dos portadores, as hepatites virais podem ser diferenciadas pelo tipo de vírus envolvido na infecção. Assim, há tipos distintos de progressão da doença, com diferentes riscos agregados. Contudo, também é importante ressaltar que um mesmo patógeno pode causar manifestações diversas dependendo da pessoa infectada. Fatores como o próprio sistema imune do portador podem estar envolvidos nessa diferenciação.
Aos portadores de hepatites, também é clara a relação do fígado com a doença (o nome dela vem disso!), mas muitos podem ignorar o fato de que as hepatites virais podem ser assintomáticas ou envolver manifestações que não sejam hepáticas. Nesse sentido, este texto tem o objetivo de informar e auxiliar aqueles que se encontrem perdidos quanto aos seus novos sintomas, muitas vezes não tão óbvios, que podem se relacionar à doença.
Seguindo a ordem alfabética, começamos pela hepatite A. Essa doença não cronifica, ou seja, tende a ser resolvida em um período de tempo relativamente curto, mas pode ser acompanhada por dores nas articulações, rashs (irritações de pele) transitórios, que vem e passam, e, em alguns casos raros, inflamação de vasos sanguíneos e artrite (inflamação das articulações). Outras situações que podem ser vistas são alterações no eletrocardiograma (o ECG, exame realizado pelo cardiologista para verificar o estado do coração); anemia aplásica (na qual não se formam hemácias, nossos glóbulos vermelhos, do modo como deveria); polirradiculoneurite, caracterizada por dor, fraqueza muscular, reflexos diminuídos e cujas consequências podem assustar tanto quanto o nome; e até mesmo outro tipo de hepatite, autoimune, no qual o próprio sistema imune do portador ataca o fígado.
A hepatite B, por sua vez, tem uma taxa de cronificação maior, variável com a idade. Suas manifestações extra-hepáticas podem se dar, portanto, na fase aguda (inicial) ou na fase crônica. A fase aguda pode ser acompanhada, como na hepatite A, por inflamação e dor nas articulações, e por rash cutâneo, que pode ser caracterizado por urticária. As articulações são acometidas devido à deposição de estruturas conhecidas como imunocomplexos. Geralmente, cerca de 20% das pessoas afetadas apresentam essa condição. Comumente, os dois lados do corpo são afetados e muitas articulações (mãos, punhos, joelhos e tornozelos) podem ser acometidas ao mesmo tempo. Rigidez matinal, causada exatamente por esses problemas, pode ocorrer. A infecção crônica, por sua vez, pode ser acompanhada de glomerulonefrite e poliarterite nodosa (PAN). Sobre essas duas últimas manifestações, é interessante fazer alguns comentários.
Quando aqueles mesmos imunocomplexos se depositam nos néfrons, unidades funcionais que compõem os rins e são responsáveis pela sua função, podem ocorrer as glomerulonefrites, a inflamação dessas estruturas. Há vários tipos, podendo haver presença de proteínas na urina, assim como sangue. É mais comum em crianças e é possível o tratamento com interferon (IFN).
Já a poliarterite nodosa é uma inflamação sistêmica dos vasos, que pode levar a necrose, isto é, uma inflamação que pode ocorrer nos vasos de todo o corpo levando a morte de células que os compõem. Contudo, observa-se um acometimento mais acentuado de vasos de médio calibre e em segmentos isolados dos vasos. Quando a situação chega ao nível de morte celular intensa, outras consequências mais graves podem ocorrer caso não haja intervenção, como aneurismas, trombose, infarto e hemorragia.
O caso da hepatite C já tende a ser mais associado a manifestações extra-hepáticas, uma vez que estas estão relacionadas mais comumente a infecções crônicas e a hepatite C tem por característica uma alta tendência a cronificar. As manifestações geralmente têm relação com os tais imunocomplexos já falados ao longo do texto. As principais a serem destacadas na hepatite C são a crioglobulinemia, que se encontra associada ao vírus C em 13 a 43% dos casos; glomerulonefrites, que já foram explicadas quando falamos da hepatite B; síndrome de Sjogren; tireoidopatias, condições que afetem a tireoide, glândula localizada na região do pescoço que produz hormônios importantes para a manutenção do metabolismo; diabetes Mellitus; doenças linfoploliferativas; vitiligo, aquela condição que o Michael Jackson tinha; porfiria cutânea tardia e poliarterite nodosa, que também já foi bem comentada para a hepatite B. Para que as explicações fiquem claras, serão discutidas algumas manifestações sobre as quais ainda não foram feitos comentários.
A crioglobulinemia envolve a deposição dos imunocomplexos em vasos sanguíneos de pequeno e médio calibre, especialmente em temperaturas menores. A condição pode permanecer sem sintomas em muitos casos, mas em outros manifesta-se como uma leve inflamação dos vasos com hematomas característicos e dor nas articulações. Em casos mais graves, os vasos sanguíneos podem estar severamente danificados, comprometendo os rins e o sistema nervoso central. Tratamento com interferon pode amenizar os sintomas, mas pode ser necessário o uso de corticosteroide.
A síndrome de Sjogren tem caráter autoimune, com comprometimento sistêmico, e se caracteriza por um ressecamento de mucosas oral, ocular e do ducto lacrimal associado a quadros reumatológicos, acometendo os diferentes tipos de tecido conjuntivo, desde ósseo a adiposo. O papel patogênico do vírus C, no entanto, permanece desconhecido.
Sobre as tireoidopatias, é importante destacar que há muitas controvérsias e que o próprio tratamento com interferon pode causar alterações de função tireoidiana, gerando uma necessidade de avaliação dessa função em pacientes candidatos ao uso de IFN. Das doenças linfoproliferativas, destacam-se os linfomas não-Hodgkin, que podem ter uma relação com a ativação continuada de parte dos glóbulos brancos em pacientes com predisposição genética.
Muitas das doenças ainda não têm os mecanismos conhecidos, embora pareçam ser reações de autoimunidade. Dessa forma, são necessários muitos estudos para elucidar corretamente os mecanismos envolvidos nas ações desses vírus que, embora tão associados a lesões hepáticas, podem causar tantas outras manifestações.
Vale lembrar que, se bem diagnosticadas, essas muitas dessas manifestações podem ser tratadas ou pelo o menos atenuadas pela equipe de saúde. Daí a importância de ficar atento aos sinais e tentar relatá-los corretamente aos médicos e outros profissionais da área.
Este texto possuiu função de ajudar a sanar algumas dúvidas que muitos pacientes têm em relação ao que ocorre nos seus próprios corpos durante a infecção. Esperamos que tenha sido atingido o objetivo e, caso contrário, perguntas são bem vindas nos comentários.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
×          Dra. Eloiza Quintela. Disponível em: <http://www.eloizaquintela.com.br/boasdicas_09.html>. Acesso em 02 de junho de 2014.

×          Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: <http://www.reumatologia.com.br>. Acesso em 02 de junho de 2014.


×          Centro de Vigilância Epidemiológica. Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/pdf/aula_mlgferraz.pdf>. Acesso em 02 de junho de 2014.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014


Liga de Hepatites Virais (LAHEP)

Interessados em participar da Liga Acadêmica de Hepatites Virais (LAHEP), podem se inscrever para o processo seletivo entre os dias 10 e 17 de fevereiro de 2014.
As inscrições poderão ser feitas:

·         De 11 a 14 de fevereiro na porta da Faculdade de Medicina ou no ICB, durante o horário do almoço;

·         No dia 17, até 20 minutos antes do inicio da realização da prova;

·         Entre os dias 10 e 16 pelo email (lahep.ufmg@gmail.com), após pagamento bancário e escaneamento/envio do comprovante de depósito (Ag: 1586-5; CC: 35202-0; Banco do Brasil; CPF:10514922621).

Taxa de inscrição: R$10,00.

Será realizada uma aula introdutória a cerca do tema, seguida de coffee-break, e após, prova de múltipla escolha. A bibliografia indicada encontra-se na página da Liga no Facebook (facebook.com/lahep.ufmg).

Podem participar do processo seletivo alunos que estejam concluindo ou que já concluíram o 3° período do curso de medicina ou de enfermagem. Estão sendo ofertadas 30 vagas, sendo 26 para alunos de medicina e 6 vagas para alunos do curso de enfermagem.

A Liga de Hepatites Virais é coordenada pela professora do Departamento de Clínica Médica, Luciana Diniz Silva, e tem por finalidade aprofundar ao conhecimento a respeito das hepatites virais, enfocando na anatomia, na histologia e na fisiologia hepática, bem como na prevenção e no diagnóstico, sob a perspectiva multidisciplinar, através de encontros quinzenais. Além disso, a liga possibilita o engajamento do aluno em diversos projetos como acompanhamento de consultas, testes rápidos para hepatites B e C em ambientes públicos, palestras em escolas e diversas outras atividades.


A prova será realizada no dia 17 de fevereiro, às 19h, na Faculdade de Medicina da UFMG. A sala será divulgada em breve.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Hepatite C: a importância do acompanhamento psicológico

Aspectos Relevantes no Tratamento Medicamentoso da Hepatite C Relacionados a Transtornos Mentais


Autores: Geísa Marie Bernardino Felicíssimo e Júlia Petrocchi - Acadêmicas do 8° período de Medina da Faculdade de Medicina da UFMG


A hepatite C é uma das principais causas de doenças hepáticas crônicas no mundo e atinge principalmente uma população jovem, entre 30 e 40 anos de idade.

A medicação utilizada - interferon alfa (ou interferon alfa peguilado) e ribavirina - tem sido associada a sintomas psicológicos e transtornos mentais, que podem ter um impacto negativo sobre o curso da doença e levar à interrupção do tratamento. Depressão, ideação suicida e transtorno de estresse pós-traumático são alguns dos problemas relatados durante o uso das drogas recomendadas. Assim, psicólogos e psiquiatras têm sido solicitados a avaliar estes pacientes antes do início e durante o tratamento, para monitorar sintomas psicológicos e intervir quando necessário.



O estreito contato com o sistema de saúde, necessário para diagnóstico e tratamento do problema, os custos, as mudanças no estilo de vida, a preocupação com a evolução da doença e com o futuro, têm importante impacto sobre a vida destes pacientes. Além disso, os efeitos colaterais da medicação atualmente utilizada no tratamento da hepatite C pode reduzir de forma significativa a qualidade de vida.

A presença de sintomas psicológicos concomitantes ao tratamento, muitas vezes em número suficiente para a realização do diagnóstico de um transtorno mental, pode ter um impacto negativo sobre o curso da doença, prejudicando a adesão, exacerbando a percepção dos sintomas, reduzindo ainda mais a qualidade de vida e, em alguns casos, levando ao suicídio.

A preocupação com a possibilidade de transtornos mentais e a redução na qualidade de vida associada ao tratamento da hepatite C têm levado profissionais da área médica e equipes interdisciplinares a solicitarem, rotineiramente, uma avaliação psicológica anterior ao tratamento. Entretanto, os conhecimentos atualmente disponíveis nesta área ainda são limitados, tornando necessário realizar pesquisas que possam auxiliar na compreensão e manejo adequados do problema por parte dos psicólogos que atuam na saúde.


TRATAMENTO HEPATITE C


Atualmente, o interferon alfa (IFN alfa) é considerado, isoladamente ou em associação com a ribavirina, a estratégia terapêutica recomendada para a maioria dos pacientes portadores de hepatite C. O tratamento com interferon alfa e ribavirina pode erradicar o vírus em 40% dos pacientes e a combinação do interferon peguilado com ribavirina em 54 a 56% dos pacientes.



Sintomas psicológicos no tratamento com o interferon alfa

Como falado acima, diversos estudos têm indicado que o IFN produz efeitos colaterais graves, embora reversíveis, como depressão, ideação suicida, sintomas de transtorno de estresse pós-traumático e transtorno bipolar.

É interessante notar, entretanto, que nem todos os pacientes tratados com IFN apresentam sintomas psicológicos ou um diagnóstico de transtorno mental associado ao uso da medicação. Pacientes com história de transtorno psiquiátrico, como abuso de substância, parecem ter um risco aumentado para depressão durante o tratamento com IFN, tornando possível pensar que um transtorno mental anterior pode aumentar a vulnerabilidade para depressão com a utilização da medicação. Por outro lado, é possível pensar também que características individuais ou estratégias específicas de enfrentamento podem proteger o paciente.

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PODEM FAZER A DIFERENÇA


Um estudo realizado para identificar sintomas de depressão e estratégias de enfrentamento, realizado com 30 pacientes com diagnóstico de hepatite C, indicou que aqueles que utilizavam principalmente estratégias como resolução de problemas, reavaliação positiva da situação e busca de suporte social auxiliavam o paciente a enfrentar eventos negativos com menor grau de sofrimento e maior eficiência no tratamento e cura. O contrário se observou naqueles em que a fuga, ou afastamento ou a acomodação/aceitação foi a estratégia de enfrentamento da doença.



Tais considerações nos mostram a importância da abordagem interdisciplinar, com ênfase na psicológica e psiquiátrica para o sucesso no tratamento e para a cura. O paciente deve confiar no tratamento e na equipe, além de aderir a estratégias de enfrentamento comprovadamente eficazes para a cura, baseadas na resolução de problemas, na aceitação do suporte social como a participação ativa em grupos operativos e procurar ter uma reavaliação positiva da situação. Para isso, o paciente deve estar devidamente bem informado sobre sua doença e sobre as boas perspectivas de cura.

O que é a classificação de Child-Pugh?

Proposto por C. G. Child e J. G. Turcotte da Universidade de Michigan em 1964, esse sistema se propunha inicialmente a classificar pacientes candidatos à cirurgia de descompressão portal. Em 1972, foi modificado por Pugh, que eliminou o critério subjetivo de avaliação nutricional, substituindo-o por um mais objetivo, o RNI. Hoje a classificação de Child-Pugh tem se mostrado um bom fator preditivo da gravidade da cirrose hepática - uma séria consequência das hepatites virais - e da indicação de transplante hepático.

            Esse escore se baseia em cinco critérios que indicariam alteração de função hepática. São eles: bilirrubina sérica, albumina sérica, ascite, distúrbio neurológico e tempo de protrombina. São atribuídos pontos de acordo com os níveis desses indicadores (tabela 1).



A escala varia de 5 a 15 pontos, sendo os indivíduos designados como Child A os que obtiveram escore 5 ou 6, que seriam portadores de uma cirrose dita “compensada”; Child B, aqueles que alcançaram de 7 a 9 pontos; e Child C, os que tiveram escore de 10 a 15 pontos, sendo os pacientes mais graves, portadores de uma “cirrose descompensada”. Hepatopatas classificados como Child B ou C são considerados candidatos a transplante de fígado.

Dessa forma, é possível identificar os indivíduos mais graves, que teriam maior probabilidade de vir a óbito em decorrência de doença hepática, e aqueles mais estáveis. Pode parecer que um grupo de pacientes está sendo privilegiado, mas num universo restrito de doadores, essa é a maneira mais justa encontrada para garantir que aqueles que mais necessitam do transplante sejam contemplados, como confirma a Sociedade Brasileira de Hepatologia:

“A Sociedade Brasileira de Hepatologia considera que, pelo princípio democrático, todo direito deve ser universal e igualmente distribuído. Direito não universal torna-se privilégio. Por outro lado, tratar de maneira idêntica indivíduos incapacitados passa a ser injustiça e conceder-lhes um benefício pode ser a maneira de restaurar-lhes o direito.”

Referências: 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. MANUAL DE PERÍCIA MÉDICA. Brasília: Editora MS, 2005.

Como ter uma vida saudável?

Autores: Beatriz Moura Batista e Denise Mendonça Borges - Alunas da Faculdade de Medicina da UFMG
 
     Você sabe o que fazer para ter uma vida saudável? Provavelmente, você leitor logo pensou em uma alimentação balanceada rica em frutas, legumes, verduras. Uma vida saudável, no entanto envolve outras áreas além da alimentação: engloba atividade física, equilíbrio emocional, bons relacionamentos, lazer, higiene, prazer de viver. No entanto, objetivos tão amplos tendem a ser deixados de lado com o tempo. Nesse texto você encontrará algumas sugestões voltadas para uma vida saudável no portador de hepatite.

     Após o diagnóstico é essencial a orientação para o não-consumo de bebidas alcoólicas, prevenção da co-infecção com HIV, controle de distúrbios metabólicos, como hiperlipidemia, obesidade e diabetes. Além de buscar um acompanhamento médico, é importante que se converse sobre medos, angústias e perspectivas. Tão importanate quanto cuidar "do fígado" é cuidar e zelar pela saúde mental. Esses momentos merecem receber atenção especial, pois afetam não só o emocional e psicológico como também seu sistema imunológico.

    Uma alimentação saudável é também muito importante por fornecer nutrientes e energia para as atividades diárias, por contribuir para tornar a pessoa mais disposta e por fortalecer o sistema de defesa. Além disso, uma alimentação equilibrada previne a obesidade e é importante para evitar outros problemas associados, como doenças cardíacas e diabetes.  A prática regular de exercícios físicos é também indicada a todas as pessoas, por estimular o sistema imunológico, aumentar a disposição, a autoestima, aliviar o estresse, melhorar a depressão, entre outros benefícios para a saúde em geral.

      Apesar de todas as medidas para se melhorar a qualidade de vida de portadores de hepatite, sabe-se, entretanto, que a melhor alternativa é a prevenção que deve ser feita mesmo em pacientes já portadores para evitar a co-infeccao. No caso da hepatite A e da E (transmitidas pelo contato pessoa-pessoa e ingestão de água e alimentos contaminados), é muito importante melhorar as condições de higiene e de saneamento básico. No caso das hepatites B, C e D (transmitidas por relações sexuais sem proteção, por compartilhamento de materiais perfurocortantes contaminados, transfusão de sangue contaminado e da mãe para o filho, durante a gestação), é importante o uso de preservativo durante todas as relações sexuais, não compartilhar matérias perfurocortantes, fazer o acompanhamento pré-natal (no caso das grávidas) e tomar as três doses da vacina (no caso da hepatite B).