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terça-feira, 24 de junho de 2014

MANIFESTAÇÕES EXTRA-HEPÁTICAS DAS HEPATITES VIRAIS

Autores: Brenda Breda Passon e Camila Martins Lopes - Acadêmicos de Medicina pela FM-UFMG

Como já é de conhecimento dos portadores, as hepatites virais podem ser diferenciadas pelo tipo de vírus envolvido na infecção. Assim, há tipos distintos de progressão da doença, com diferentes riscos agregados. Contudo, também é importante ressaltar que um mesmo patógeno pode causar manifestações diversas dependendo da pessoa infectada. Fatores como o próprio sistema imune do portador podem estar envolvidos nessa diferenciação.
Aos portadores de hepatites, também é clara a relação do fígado com a doença (o nome dela vem disso!), mas muitos podem ignorar o fato de que as hepatites virais podem ser assintomáticas ou envolver manifestações que não sejam hepáticas. Nesse sentido, este texto tem o objetivo de informar e auxiliar aqueles que se encontrem perdidos quanto aos seus novos sintomas, muitas vezes não tão óbvios, que podem se relacionar à doença.
Seguindo a ordem alfabética, começamos pela hepatite A. Essa doença não cronifica, ou seja, tende a ser resolvida em um período de tempo relativamente curto, mas pode ser acompanhada por dores nas articulações, rashs (irritações de pele) transitórios, que vem e passam, e, em alguns casos raros, inflamação de vasos sanguíneos e artrite (inflamação das articulações). Outras situações que podem ser vistas são alterações no eletrocardiograma (o ECG, exame realizado pelo cardiologista para verificar o estado do coração); anemia aplásica (na qual não se formam hemácias, nossos glóbulos vermelhos, do modo como deveria); polirradiculoneurite, caracterizada por dor, fraqueza muscular, reflexos diminuídos e cujas consequências podem assustar tanto quanto o nome; e até mesmo outro tipo de hepatite, autoimune, no qual o próprio sistema imune do portador ataca o fígado.
A hepatite B, por sua vez, tem uma taxa de cronificação maior, variável com a idade. Suas manifestações extra-hepáticas podem se dar, portanto, na fase aguda (inicial) ou na fase crônica. A fase aguda pode ser acompanhada, como na hepatite A, por inflamação e dor nas articulações, e por rash cutâneo, que pode ser caracterizado por urticária. As articulações são acometidas devido à deposição de estruturas conhecidas como imunocomplexos. Geralmente, cerca de 20% das pessoas afetadas apresentam essa condição. Comumente, os dois lados do corpo são afetados e muitas articulações (mãos, punhos, joelhos e tornozelos) podem ser acometidas ao mesmo tempo. Rigidez matinal, causada exatamente por esses problemas, pode ocorrer. A infecção crônica, por sua vez, pode ser acompanhada de glomerulonefrite e poliarterite nodosa (PAN). Sobre essas duas últimas manifestações, é interessante fazer alguns comentários.
Quando aqueles mesmos imunocomplexos se depositam nos néfrons, unidades funcionais que compõem os rins e são responsáveis pela sua função, podem ocorrer as glomerulonefrites, a inflamação dessas estruturas. Há vários tipos, podendo haver presença de proteínas na urina, assim como sangue. É mais comum em crianças e é possível o tratamento com interferon (IFN).
Já a poliarterite nodosa é uma inflamação sistêmica dos vasos, que pode levar a necrose, isto é, uma inflamação que pode ocorrer nos vasos de todo o corpo levando a morte de células que os compõem. Contudo, observa-se um acometimento mais acentuado de vasos de médio calibre e em segmentos isolados dos vasos. Quando a situação chega ao nível de morte celular intensa, outras consequências mais graves podem ocorrer caso não haja intervenção, como aneurismas, trombose, infarto e hemorragia.
O caso da hepatite C já tende a ser mais associado a manifestações extra-hepáticas, uma vez que estas estão relacionadas mais comumente a infecções crônicas e a hepatite C tem por característica uma alta tendência a cronificar. As manifestações geralmente têm relação com os tais imunocomplexos já falados ao longo do texto. As principais a serem destacadas na hepatite C são a crioglobulinemia, que se encontra associada ao vírus C em 13 a 43% dos casos; glomerulonefrites, que já foram explicadas quando falamos da hepatite B; síndrome de Sjogren; tireoidopatias, condições que afetem a tireoide, glândula localizada na região do pescoço que produz hormônios importantes para a manutenção do metabolismo; diabetes Mellitus; doenças linfoploliferativas; vitiligo, aquela condição que o Michael Jackson tinha; porfiria cutânea tardia e poliarterite nodosa, que também já foi bem comentada para a hepatite B. Para que as explicações fiquem claras, serão discutidas algumas manifestações sobre as quais ainda não foram feitos comentários.
A crioglobulinemia envolve a deposição dos imunocomplexos em vasos sanguíneos de pequeno e médio calibre, especialmente em temperaturas menores. A condição pode permanecer sem sintomas em muitos casos, mas em outros manifesta-se como uma leve inflamação dos vasos com hematomas característicos e dor nas articulações. Em casos mais graves, os vasos sanguíneos podem estar severamente danificados, comprometendo os rins e o sistema nervoso central. Tratamento com interferon pode amenizar os sintomas, mas pode ser necessário o uso de corticosteroide.
A síndrome de Sjogren tem caráter autoimune, com comprometimento sistêmico, e se caracteriza por um ressecamento de mucosas oral, ocular e do ducto lacrimal associado a quadros reumatológicos, acometendo os diferentes tipos de tecido conjuntivo, desde ósseo a adiposo. O papel patogênico do vírus C, no entanto, permanece desconhecido.
Sobre as tireoidopatias, é importante destacar que há muitas controvérsias e que o próprio tratamento com interferon pode causar alterações de função tireoidiana, gerando uma necessidade de avaliação dessa função em pacientes candidatos ao uso de IFN. Das doenças linfoproliferativas, destacam-se os linfomas não-Hodgkin, que podem ter uma relação com a ativação continuada de parte dos glóbulos brancos em pacientes com predisposição genética.
Muitas das doenças ainda não têm os mecanismos conhecidos, embora pareçam ser reações de autoimunidade. Dessa forma, são necessários muitos estudos para elucidar corretamente os mecanismos envolvidos nas ações desses vírus que, embora tão associados a lesões hepáticas, podem causar tantas outras manifestações.
Vale lembrar que, se bem diagnosticadas, essas muitas dessas manifestações podem ser tratadas ou pelo o menos atenuadas pela equipe de saúde. Daí a importância de ficar atento aos sinais e tentar relatá-los corretamente aos médicos e outros profissionais da área.
Este texto possuiu função de ajudar a sanar algumas dúvidas que muitos pacientes têm em relação ao que ocorre nos seus próprios corpos durante a infecção. Esperamos que tenha sido atingido o objetivo e, caso contrário, perguntas são bem vindas nos comentários.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
×          Dra. Eloiza Quintela. Disponível em: <http://www.eloizaquintela.com.br/boasdicas_09.html>. Acesso em 02 de junho de 2014.

×          Sociedade Brasileira de Reumatologia. Disponível em: <http://www.reumatologia.com.br>. Acesso em 02 de junho de 2014.


×          Centro de Vigilância Epidemiológica. Disponível em: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hepatite/pdf/aula_mlgferraz.pdf>. Acesso em 02 de junho de 2014.

2 comentários:

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