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domingo, 8 de dezembro de 2013

Hepatites Virais e Gravidez

Autor: Júlia Petrocchi e Geísa Felicíssimo - Acadêmicas de Medicina 
pela Faculdade de Medicina da UFMG

** As informações deste texto são apenas informativas.
A melhor pessoa para orientá-lo é o seu médico **

A gestação é um período que exige acentuado cuidado no manejo das doenças infecto-contagiosas, incluindo as hepatites virais. Nesse contexto, merecem destaque as hepatites B e C, não só pela maior prevalência em gestantes em função de seu aspecto crônico, mas também porque medidas importantes no decurso do ciclo gravídico-puerperal devem ser instituídas em cada situação.
Tanto a hepatite B quanto a C podem ser transmitidas durante a gestação em 3 momentos principais: durante a gestação propriamente dita,  por passagem dos vírus através da placenta, no momento do parto e no contato íntimo posterior. Existem, contudo, medidas eficientes para minimizar os riscos de infecção em cada um desses períodos.



Hepatite B
Em relação à hepatite B, as medidas de prevenção da transmissão vertical e no período neonatal são altamente eficazes e adquirem extrema importância porque os índices de cronicidade são tão maiores quanto mais cedo é adquirida a infecção. A primeira medida é a identificação das pacientes infectadas, o que, no Brasil é feito através de exame de triagem sorológica solicitado para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal. Se a gestante é classificada como susceptível, é recomendada vacinação imediata no esquema vacinal tradicional, sem riscos para gestante e para o feto.
O maior índice de transmissão vertical, porém, é durante o parto, por meio de contato com sangue, líquido amniótico, secreções maternas. Todavia, ainda não existem evidências de maior segurança no parto cesáreo. Recomenda-se, então, a vacinação precoce (até 12h após o parto) de todos os recém-nascidos. Para aqueles infantes nascidos de mãe infectadas ou que não realizaram exames durante período pré-gestacional, recomenda-se administração de imunoglobulina humana hiperimune (IGHAHB). O uso das duas técnicas de imunização até 24 horas após o parto mostrou reduzir a infecção vertical entre 85 a 95%.
No período pós-natal, é fundamental evitar o contato direto do infante com secreções da mãe. Exceção importante se faz ao leite materno, pois, embora estudos tenham que contenha vírus, os riscos de transmissão através do aleitamento se mostraram insignificantes, sobretudo se realizada a imunização após o parto. Assim, a amamentação não é apenas permitida para as portadoras de hepatite B como recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).



Hepatite C

A transmissão vertical da hepatite C ocorre, de acordo com estudos, em cerca de 6% dos casos, tanto na infecção crônica (de 2 a 3%) quanto na infecção aguda no terceiro trimestre, sendo que gestantes co-infectadas pelo vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV) apresentam taxa mais elevadas. A taxa de infecção é diretamente influenciada pela carga viral materna.
No Brasil, a sorologia para hepatite C não é exame de rotina do pré-natal, sendo feita apenas em pacientes de risco (usarias e/ou parceiras de usuários de drogas por via endovenosa).
Estudos estimam que um terço das infecções verticais são intra-uterinas, concluindo-se que a maior parte das infecções são no momento do parto, o que motiva grande discussão a respeito de qual parto mais seguro. Os estudos atuais não chegaram a um consenso para pacientes portadoras exclusivamente de hepatite C: alguns afirmam maiores índices de infecção no parto vaginal, outros encontram maior segurança de cesárea sem bolsa rota, etc. Parece ser consenso, contudo, que a cesárea reduz 4 a 5 vezes a infecção em gestantes co-infectadas com HCV/HIV, justificando a indicação de cesarianas eletivas para essas pacientes.
No período pós-natal, a maior preocupação é em relação à amamentação. Da mesma forma que na hepatite B, já foi demonstrada a presença de vírus em amostras de leite materno. Não foi comprovada, porém, a transmissão por essa via, de forma que a amamentação é recomendada. As gestantes devem, porém, ser alertadas quanto ao risco teórico de infecção e orientadas em relação à prevenção de fissuras mamilares.
Restam, assim, muitas dúvidas em relação a via de parto preferencial, na manutenção ou proscrição da amamentação, aos valores de corte de carga viral e a exata relação desses fatores com a transmissão vertical.

A gestação não favorece o aparecimento da infecção e não muda o curso da doença em pacientes previamente hígidas. A grande maioria dos estudos não correlaciona hepatites viras a efeitos teratogênicos, isto é, a malformação fetal.
Em síntese, o diagnóstico pré-natal precoce da infecção é de extrema importância e, a partir desse momento, é fundamental o acompanhamento cuidadoso com hepatologista e ginecologista/obstetra, de forma a conduzir a gestação da melhor maneira para a gestante e para o feto.


Referências:
1)      Hepatite B e gestação: aspectos clínicos, epidemiológicos e obstétricos
Disponível em:

2)      Hepatite C e gestação
Disponível em:

3)      Hepatite na Gravidez
Disponível em:

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