Autor: Júlia Petrocchi e Geísa Felicíssimo - Acadêmicas de Medicina
pela Faculdade de Medicina da UFMG
pela Faculdade de Medicina da UFMG
** As informações deste texto são apenas informativas.
A melhor pessoa para orientá-lo é o seu médico **
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A gestação é um período que exige
acentuado cuidado no manejo das doenças infecto-contagiosas, incluindo as
hepatites virais. Nesse contexto, merecem destaque as hepatites B e C, não só
pela maior prevalência em gestantes em função de seu aspecto crônico, mas
também porque medidas importantes no decurso do ciclo gravídico-puerperal devem
ser instituídas em cada situação.
Tanto a hepatite B quanto a C
podem ser transmitidas durante a gestação em 3 momentos principais: durante a
gestação propriamente dita, por passagem
dos vírus através da placenta, no momento do parto e no contato íntimo
posterior. Existem, contudo, medidas eficientes para minimizar os riscos de
infecção em cada um desses períodos.
Hepatite B
Em relação à hepatite B, as
medidas de prevenção da transmissão vertical e no período neonatal são
altamente eficazes e adquirem extrema importância porque os índices de
cronicidade são tão maiores quanto mais cedo é adquirida a infecção. A primeira
medida é a identificação das pacientes infectadas, o que, no Brasil é feito
através de exame de triagem sorológica solicitado para todas as gestantes na
primeira consulta pré-natal. Se a gestante é classificada como susceptível, é
recomendada vacinação imediata no esquema vacinal tradicional, sem riscos para
gestante e para o feto.
O maior índice de transmissão
vertical, porém, é durante o parto, por meio de contato com sangue, líquido
amniótico, secreções maternas. Todavia, ainda não existem evidências de maior
segurança no parto cesáreo. Recomenda-se, então, a vacinação precoce (até 12h
após o parto) de todos os recém-nascidos. Para aqueles infantes nascidos de mãe
infectadas ou que não realizaram exames durante período pré-gestacional,
recomenda-se administração de imunoglobulina humana hiperimune (IGHAHB). O uso
das duas técnicas de imunização até 24 horas após o parto mostrou reduzir a
infecção vertical entre 85 a 95%.
No período pós-natal, é
fundamental evitar o contato direto do infante com secreções da mãe. Exceção
importante se faz ao leite materno, pois, embora estudos tenham que contenha
vírus, os riscos de transmissão através do aleitamento se mostraram
insignificantes, sobretudo se realizada a imunização após o parto. Assim, a
amamentação não é apenas permitida para as portadoras de hepatite B como
recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A transmissão vertical da
hepatite C ocorre, de acordo com estudos, em cerca de 6% dos casos, tanto na
infecção crônica (de 2 a 3%) quanto na infecção aguda no terceiro trimestre,
sendo que gestantes co-infectadas pelo vírus da Imunodeficiência Adquirida
(HIV) apresentam taxa mais elevadas. A taxa de infecção é diretamente
influenciada pela carga viral materna.
No Brasil, a sorologia para
hepatite C não é exame de rotina do pré-natal, sendo feita apenas em pacientes
de risco (usarias e/ou parceiras de usuários de drogas por via endovenosa).
Estudos estimam que um terço das
infecções verticais são intra-uterinas, concluindo-se que a maior parte das
infecções são no momento do parto, o que motiva grande discussão a respeito de
qual parto mais seguro. Os estudos atuais não chegaram a um consenso para
pacientes portadoras exclusivamente de hepatite C: alguns afirmam maiores
índices de infecção no parto vaginal, outros encontram maior segurança de
cesárea sem bolsa rota, etc. Parece ser consenso, contudo, que a cesárea reduz
4 a 5 vezes a infecção em gestantes co-infectadas com HCV/HIV, justificando a
indicação de cesarianas eletivas para essas pacientes.
No período pós-natal, a maior
preocupação é em relação à amamentação. Da mesma forma que na hepatite B, já
foi demonstrada a presença de vírus em amostras de leite materno. Não foi
comprovada, porém, a transmissão por essa via, de forma que a amamentação é
recomendada. As gestantes devem, porém, ser alertadas quanto ao risco teórico
de infecção e orientadas em relação à prevenção de fissuras mamilares.
Restam, assim, muitas dúvidas em
relação a via de parto preferencial, na manutenção ou proscrição da
amamentação, aos valores de corte de carga viral e a exata relação desses
fatores com a transmissão vertical.
A gestação não favorece o
aparecimento da infecção e não muda o curso da doença em pacientes previamente
hígidas. A grande maioria dos estudos não correlaciona hepatites viras a
efeitos teratogênicos, isto é, a malformação fetal.
Em síntese, o diagnóstico
pré-natal precoce da infecção é de extrema importância e, a partir desse
momento, é fundamental o acompanhamento cuidadoso com hepatologista e
ginecologista/obstetra, de forma a conduzir a gestação da melhor maneira para a
gestante e para o feto.
Referências:
1) Hepatite B e gestação: aspectos clínicos,
epidemiológicos e obstétricos
Disponível em:
2) Hepatite C e gestação
Disponível em:
3) Hepatite na Gravidez
Disponível em:
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