Autores: Marianne Leal; Vinícius Duca (Acadêmicos de Medicina pela UFMG)
Hepatite é o nome
dado ao conjunto de lesões inflamatórias e necróticas que acometem o fígado de
forma difusa. Para entender melhor o que isso significa, precisamos compreender
o processo de inflamação e de necrose.
A inflamação é uma
resposta imunológica gerada pelo organismo que visa combater algum tipo de
agressão aos tecidos que formam nossos órgãos. Porém essa resposta imunológica,
além de combater os agentes agressores, na maioria das vezes também produz substancias
que são tóxicas para as nossas células, causando também a morte celular. A essa
morte celular dá-se o nome de necrose. Portanto as hepatites são doenças em que
um agente agressor às células do fígado gera uma resposta inflamatória no
organismo, que tenta reparar os danos que foram causados.
Os sintomas mais
comuns são:
- Febre
- Náuseas
- Vômitos
- Dores
musculares
- Icterícia
(pele amarelada)
- Acolia
fecal (fezes esbranquiçadas)
- Colúria
(urina muito escura, “cor de coca-cola”).
Porém é importante
ficar atento, pois a maior parte dos pacientes apresenta a forma assintomática
da doença.
As Hepatites podem
ter diferentes causas, sendo as mais comuns as causadas por vírus, por álcool e
outras drogas, e as auto-imunes. Aqui direcionaremos a abordagem desse texto
para as hepatites virais.
Nas hepatites virais
o agente causador da inflamação das células do fígado (hepatócitos) são os
vírus hepatotrópicos, ou seja, vírus que tem predileção por infectar as células
que constituem o fígado. Dependendo do tipo de vírus que infecta essas células,
as hepatite podem ser divididas em:
Hepatite A – Causadas pelo vírus HVA
Hepatite B –
Causadas pelo vírus HVB
Hepatite C – Causadas pelo vírus HVC
Hepatite D – Causadas pelo vírus HVD
Hepatite E – Causadas pelo vírus HVE
Os vírus são
partículas microscópicas que invadem as células e utilizam seus nutrientes e
sua maquinaria bioquímica para se multiplicar. Ao final do processo de
multiplicação, os vírus eclodem da célula, levando-a a morte. Ao morrer, essa célula
libera substâncias que atuam recrutando outras células do sistema imunológico
para chegar ao local. Quando chegam ao local da infecção, essas células imunológicas
liberam outras substâncias que tem capacidade de destruir as células infectadas
pelos vírus, mas também destroem células sadias próximas ao local da lesão. As
células imunológicas, além de liberarem essas substâncias lesivas, também
liberam substancias que estimulam a reparação do tecido onde houve morte
celular. Sendo assim, nas regiões inflamatórias do fígado, além de haver muita
morte celular, também há intensa multiplicação celular. Essa intensa
multiplicação celular é um alto fator de risco para o desenvolvimento de
tumores malignos do fígado.
Com a progressão da
Hepatite, se não tratada, a capacidade regenerativa das células funcionais
fígado pode ser perdida progressivamente, e novas células sem função hepática
ocuparão seu lugar, produzindo um tecido fibroso. A esse processo dá-se o nome
de Fibrose, e seu estágio mais avançado e grave é a Cirrose.
As hepatites virais
podem ser divididas em Agudas ou Crônicas. As agudas são hepatites que duram
menos de 6 meses e evoluem para a cura. As crônicas são as hepatites que o
vírus permanece infectando o organismo por mais de 6 meses, e são de resolução
mais difícil.
As hepatites virais
têm tratamento e podem evoluir para cura. O Sistema Único de Saúde – SUS
oferece o tratamento gratuito para todos que tiverem o diagnóstico positivo da
doença. Mas além do tratamento, o mais importante é a prevenção das hepatites,
tanto pela vacinação quanto pela adoção de hábitos de vida seguros. Ambos serão
abordados em cada tópico específico para os tipos de hepatites nas postagens a
seguir.